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Sendo, pois, o desejo de mandar no homem não só soberania da natureza no seu primeiro estado, como em Adão, mas reparo e alívio do segundo, como em Eva, e, nascendo o mesmo desejo, antes, sendo gerado conosco, como em Jacó e Esaú, por que não quer mandar S. Roque? O mesmo entendimento e alto juízo, com que não quis servir, o obrigava a que quisesse mandar, porque é primeiro princípio da política natural, como ensina Aristóteles, que aos mais bem entendidos pertence o mandar, como aos que menos entendem o servir. Logo, contra todos estes ditames da natureza e da razão parece que obrou S. Roque, em demitir de si o mando e governo dos súditos, de que o nascimento o fizera herdeiro, e o entendimento senhor. O não querer servir a homens, seja embora prudente resolução, pelos motivos que apontamos; mas o não querer mandar homens, e tais homens, que fundamentos podia ter bastantes, não digo já, que aprovem uma tão extraordinária ação, mas que racionalmente a não estranhem, e ainda condenem? Bem creio que não ocorrerão facilmente as razões à ambição e apetite cego com que se governa o mundo, por isso tão mal governado. Respondo, porém, e digo que, se S. Roque teve grandes razões para não servir a homens, as mesmas, e muito maiores, teve para não querer mandar homens. E por quê? Porque maior servidão é o mandá-los que o servi-los.
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Manuel Botelho de Oliveira:
Concordo plenamente com o fato de que o ato de mandar e servir é natural: cabe aos mais conhecedores mandar, e aos mais ignorantes servir.
Nuno Marques Pereira:
Este sermão retoma o mito do sebastianismo, que acreditava na volta de D Sebastião, desaparecido na batalha de AlcácerQuibir ,ressaltando, novamente, o saudosismo português.
Sebastião da Rocha PitaNós, portugueses, esperamos por D. Sebastião durante muitas décadas, para que ele fizesse de Portugal, o Quinto Império do Mundo.
Ana Flávia nº2 ; Laura nº23 ; Lucas nº27 Marina S. nº31 ; Marina F. nº33 ; Nathália nº37 ; Vívian nº44
2º A